Critérios de definição de cidade versos análise dos factores que dificultam a qualificação da vila de Milange a categoria de cidade

 

1.      Introdução

Capital do distrito do mesmo nome, situa-se à Noroeste da Província da Zambézia, junto da fronteira com o Malawi. Tem como limites físicos: Monte Tumbine a Este, Malawi ao Oeste, Rio Tandane e Muloza ao Norte e Rio Liaze ao Sul. O monte Tumbine ao Sul; Ponderane, rios Tandane e Muloza à Leste, e rio Laize à Oeste.

O Município foi sede do Comando Militar do mesmo nome entre 1820 à 1902. Em 1911 fazia parte do Prazo de Milange, na área da 4ª Circunscrição Fiscal. Entretanto, em 1919, o prazo de Milange foi integrado na área do Prazo de Borror (Boletim Oficial de 18/S/1919). Em 1924 o Prazo de Milange passou a pertencer a área da 3ª Circunscrição Fiscal com a sua sede na povoação de Namarros. Durante a década de 1930-1940, as condições económicas e administrativas de Moçambique levaram á expansão da cultura de Chá na Província da Zambézia.

Em 1933, o Acordo Internacional de Chá, permitiu a estabilização do preço, assegurando a rentabilidade dos pequenos produtores Moçambicanos. Pela Portaria n° 17 746, de 21 de Abril de 1964, foi extinta a Circunscrição de Milange, e criado e sua substituição o Conselho de Milange elevado à categoria de Vila a 1 de Junho do mesmo ano. No ano de 1978 foi criado o Conselho Executivo do Distrito, de harmonia com as Leis n° 5; 6 e 7/78, de 22 de Abril. Em 1987 foi elevada à categoria de Vila (Resolução n.º 9/87, de 25 de Abril).

Em 1997, na sequência do processo de descentralização administrativa que vem se efectuando no País, a Vila foi elevada à categoria de Município, de harmonia com a lei 10/97, de 31 de Maio.


1.1.Objectivos

1.1.1.      Geral:

ü  Analisar os critérios de definição de cidade e os fatores que dificultam a qualificação da vila de Milange como cidade.

1.1.2.      Específicos:

ü  Identificar os critérios de definição de cidade utilizados internacionalmente e compará-los com os critérios aplicados em Moçambique;

ü  Explicar a situação atual da vila de Milange em relação aos critérios de definição de cidade, identificando os principais desafios e lacunas que impedem sua qualificação como cidade;

ü  Propor estratégias e ações para a superação dos desafios identificados na análise, visando à qualificação da vila de Milange como cidade de acordo com os critérios estabelecidos;

ü  Revelar os impactos da qualificação da vila de Milange como cidade nos aspectos socioeconômicos, ambientais e culturais, destacando os principais benefícios para a população local e para o desenvolvimento do país.

 

1.2. Metodologia

Para dar vida a este trabalho, recorreu-se ao método de consultas de referências bibliográficas. 

 

  

2.      Conceito de cidade

O conceito de cidade pode ser definido de várias formas, dependendo do contexto em que está sendo utilizado. Em termos gerais, pode-se dizer que cidade é um espaço urbano onde se concentra um grande número de pessoas e atividades econômicas, políticas, sociais e culturais.

Segundo Knox, P. & Pinch, S. (2016, p.37):

Uma cidade é um assentamento urbano caracterizado por sua densidade populacional, infraestrutura e diversidade econômica, social e cultural. Ela é geralmente governada por uma administração local e oferece uma ampla gama de serviços públicos, como transporte, educação e saúde.

Weber, M. (1921) refere que: “cidade é um espaço de poder e dominação, onde a luta pelo controle político e econômico é uma constante.” Para ele, a cidade é um lugar onde se manifesta a tensão entre os interesses individuais e coletivos, e onde se define o papel do Estado na regulação das relações sociais.

Para Santos, M. (2000, p.40), “cidade é como um espaço de resistência e de possibilidade de construção de novas formas de sociabilidade e de organização política e econômica.” Para ele, a cidade é um espaço de diversidade e de conflito, onde as diferenças culturais e sociais podem ser valorizadas e transformadas em fonte de criatividade e de inovação.

A cidade é um conceito que tem sido estudado por diversas áreas do conhecimento, como a geografia, a sociologia, a arquitetura, a história e a economia. Em geral, a cidade é definida como um espaço urbano que abriga uma grande quantidade de pessoas e de atividades econômicas, políticas, sociais e culturais (Santos, M. 2000, p.40).

A cidade pode ser entendida como um espaço de conflito e de diversidade, onde diferentes grupos sociais se encontram e interagem. Esse encontro pode gerar tanto oportunidades de cooperação e de convivência pacífica, como conflitos e tensões decorrentes das desigualdades sociais, culturais e econômicas.

Além disso, a cidade pode ser entendida como um espaço de poder, onde se manifestam as relações de dominação e subordinação entre os grupos sociais. A luta pelo controle dos recursos e das instituições da cidade pode gerar tensões e conflitos entre diferentes grupos, como empresários, trabalhadores, moradores, políticos e burocratas.

Por outro lado, a cidade também pode ser vista como um espaço de inovação e de transformação social. A diversidade cultural e a concentração de recursos e de talentos podem gerar inovações tecnológicas, culturais e políticas, que contribuem para o desenvolvimento econômico e social da cidade e da região em que ela está inserida.

Ensuma, o conceito de cidade é complexo e multifacetado, e pode ser entendido de diversas formas, dependendo do contexto e da perspectiva adotada pelo observador. A cidade é um espaço de diversidade, de conflito, de poder e de transformação social, que tem sido objeto de estudo e de reflexão por diversas áreas do conhecimento humano.

3.      Critérios para definir uma cidade

Existem vários critérios que podem ser utilizados para definir uma cidade, e esses critérios variam de acordo com a região, o país e a época em que a cidade está sendo analisada. Dentre os critérios mais comuns utilizados para definir uma cidade, podemos destacar:

3.1. População absoluta ou número total de habitantes

Segundo Carlos, (2001, p.76) “a população absoluta é um critério importante porque reflete a capacidade da cidade de atrair e reter população, além de indicar o grau de urbanização e a intensidade das atividades econômicas e culturais que ocorrem no espaço urbano.”

O critério da população absoluta, ou número total de habitantes, é um dos mais comuns utilizados para definir uma cidade. Em geral, considera-se que uma cidade é um centro urbano que abriga uma população significativa em relação à população total da região ou do país em que se insere.

Esse critério tem sido utilizado há muitos anos pelos estudiosos das cidades e da demografia, e é uma medida importante para compreender a evolução e a distribuição da população nas diferentes regiões do mundo.

Não há dúvidas que para chamar “cidade” a um centro populacional deve ai residir um número mínimo de habitantes. Este número é tão variável de país para país, sendo impossível chegar a um consenso.

Assim, na Dinamarca basta 250 habitantes concentrados para se obter o estatuto de cidade; EUA - 2500 habitantes; Áustria -5000 habitantes; Grécia – 1000 habitantes; Japão – 30000 habitantes; Portugal – 10000 habitantes, a partir de 1960. As Nações Unidas, por exemplo, considera uma cidade somente áreas urbanizadas que possuam mais de 20 mil habitantes (Jofrice, C., S/D, p.8-9).

3.2. Atividades econômicas

Segundo Santos, (1993, p.31) “as atividades econômicas são um elemento fundamental para definir uma cidade, pois são elas que atraem pessoas e capitais para a região, gerando empregos e oportunidades de negócios.” Além disso, as atividades econômicas também são responsáveis pela dinâmica e pela diversidade cultural das cidades, que se reflete na arquitetura, nos costumes e nas tradições locais.

As atividades econômicas desenvolvidas em uma região também podem ser utilizadas para definir uma cidade. Em geral, considera-se que uma cidade é um centro urbano que concentra atividades econômicas diversificadas, como comércio, indústria, serviços e turismo.

3.3. Infraestrutura urbana

Segundo  Silva, (2013):

A infraestrutura urbana é um critério importante para definir uma cidade, pois é ela que garante as condições mínimas de vida e de trabalho para a população urbana. A qualidade da infraestrutura urbana também está relacionada com a qualidade de vida e a competitividade das cidades, uma vez que cidades com infraestrutura precária têm dificuldades para atrair investimentos e turismo.

O critério da infraestrutura urbana é outro fator importante utilizado para definir uma cidade. A infraestrutura urbana refere-se às condições materiais e institucionais necessárias para o funcionamento da cidade, como saneamento básico, transporte público, energia elétrica, comunicações, equipamentos públicos e serviços essenciais.

A presença de uma infraestrutura urbana adequada, como redes de transporte, abastecimento de água, saneamento básico, energia elétrica e comunicações, também pode ser um critério utilizado para definir uma cidade.

3.4. Densidade populacional ou população relativa

Santos, M. (2000, p.41), “a densidade populacional é um critério importante para definir uma cidade, pois ela reflete a intensidade das relações sociais, econômicas e culturais que ocorrem no espaço urbano.” Além disso, a densidade populacional também é responsável pela formação de redes de relações e de interdependência entre as pessoas e as atividades que se concentram na cidade, o que contribui para a dinâmica e a diversidade cultural das cidades.

Tem haver com o número de habitante por Km², é um critério aceite pela maioria dos países. No entanto, o limite mínimo é variável e com grande disparidade.

Assim, as cidades que crescem em altura apresentam uma densidade populacional muito superior que as cidades que crescem em superfície.

Cidades como Nova Yorque, Moscovo, São Paulo, e outras, apresentam uma densidade de 50000 habitantes/Km², outras não ultrapassam os 10000 ou mesmo 1000 habitantes/Km².  Nos “países novos”, onde há espaço disponível, as cidades estendem-se à vontade pelas superfícies, predominando vivendas uni - familiares de um só piso (Jofrice, C., S/D, p.8-9).

3.5. Estrutura sócio – profissional

Lefebvre, (1979) afirma que:

A estrutura sócio-profissional é um critério importante para definir uma cidade, pois ela reflete a diversidade de atividades econômicas e profissionais que ocorrem no espaço urbano, bem como as desigualdades e hierarquias sociais que existem na cidade. A estrutura sócio-profissional também é responsável pela formação de grupos e classes sociais com interesses e necessidades diferentes, o que contribui para a dinâmica e a complexidade social das cidades.

O conceito população activa residente num aglomerado urbano pode servir para definir cidade, mas este também não obtém um consenso universal.

Nos países desenvolvidos, apenas os sectores secundários e terciários devem prevalecer, enquanto o sector primário nunca deve ultrapassar 25% da população activa residente. Se a percentagem ultrapassar este valor deverá ser considerado um aglomerado rural. Nos países em vias de desenvolvimento, com 80% ou mais de activos no sector primário, as cidades albergam elevada percentagem de efectivos agrícolas (Jofrice, C., S/D, p.8-9).

O critério da estrutura sócio-profissional é outro fator importante utilizado para definir uma cidade. Ele se refere à diversidade de atividades econômicas e profissionais que existem na cidade, bem como à sua complexidade social e à hierarquização de seus grupos sociais.

Regra geral, uma cidade deve ser:

v  Um centro de organização política;

v  Um centro de produção industrial;

v  Um centro de comércio e de serviços;

v  Um centro cultural, artístico e dotado de equipamentos sociais;

v  Um centro de grande densidade demográfica;

v  Um centro de atracção e gerador de fluxos para uma região circundante.

 

4.      Factores que dificultam a vila de milange a categoria de cidade

A elevação de uma vila para o status de cidade depende de diversos fatores, como população, atividades econômicas, infraestrutura, densidade populacional, estrutura sócio-profissional, entre outros. No caso específico da vila de Milange, em Moçambique, alguns dos fatores que podem dificultar sua elevação para a categoria de cidade são:

4.1. População

A população é um dos principais fatores a serem considerados na elevação de uma vila para a categoria de cidade, pois é um indicador do tamanho e da densidade do espaço urbano, bem como da intensidade das relações sociais, econômicas e culturais que ocorrem na cidade.

Segundo Alonso (1964, p.65):

Cidades menores tendem a ter custos menores em relação a serviços básicos como água, esgoto e iluminação pública. Porém, esses benefícios podem ser perdidos em cidades maiores, onde a demanda e a extensão do serviço se tornam muito grandes, aumentando os custos.

Uma cidade com uma população relativamente grande e densa tende a ter uma dinâmica urbana mais intensa e desenvolvida do que uma cidade com uma população pequena e dispersa. Isso porque, em geral, uma população maior favorece a formação de redes sociais e econômicas mais complexas, bem como a demanda por serviços e infraestrutura urbanos mais diversificados e sofisticados.

No caso específico da vila de Milange, em Moçambique, a população ainda é relativamente pequena em comparação com outras cidades da região, o que pode limitar seu potencial de crescimento e desenvolvimento urbano.

Uma população pequena pode significar que a cidade não tem uma demanda econômica e social suficiente para justificar o desenvolvimento de serviços e infraestrutura adequados, o que pode afetar sua qualidade de vida e limitar seu potencial de atração de novos investimentos e oportunidades.

Porém, é importante ressaltar que a população não é o único fator a ser considerado na elevação de uma vila para a categoria de cidade. Outros fatores, como atividades econômicas, infraestrutura, densidade populacional e estrutura sócio-profissional, também devem ser avaliados para determinar se uma vila atende aos critérios técnicos e legais para se tornar uma cidade.

Em resumo, a população é um dos principais fatores a serem considerados na elevação de uma vila para a categoria de cidade, pois indica o tamanho e a densidade do espaço urbano e a intensidade das relações sociais, econômicas e culturais que ocorrem na cidade.

No caso da vila de Milange, a população ainda é relativamente pequena, o que pode limitar seu potencial de crescimento e desenvolvimento urbano.

4.2. Infraestrutura:.

Cano (2005) refere que:

O fator infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento urbano de uma localidade e, consequentemente, para a sua elevação à categoria de cidade. Uma infraestrutura adequada inclui serviços básicos, como água potável, saneamento básico, energia elétrica, transporte público, escolas, hospitais, comércio e espaços públicos, que atendam às necessidades da população e favoreçam o desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade.

No caso da vila de Milange, em Moçambique, a falta de infraestrutura pode dificultar sua elevação à categoria de cidade. A vila pode ter problemas para atrair novos investimentos e oportunidades, uma vez que a infraestrutura inadequada pode limitar a qualidade de vida da população e restringir o potencial de crescimento econômico da cidade.

Além disso, a falta de infraestrutura pode afetar a segurança e a saúde da população, bem como a sua capacidade de acesso a serviços essenciais, como água potável e saneamento básico. Essas condições podem comprometer a qualidade de vida dos habitantes da vila e afetar sua capacidade de desenvolver relações sociais e econômicas complexas.

Portanto, a infraestrutura é um fator crucial na elevação de uma vila para a categoria de cidade. Uma cidade deve ter uma infraestrutura adequada que atenda às necessidades da população e favoreça o desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade.

No caso da vila de Milange, a falta de infraestrutura pode dificultar sua elevação à categoria de cidade e afetar o bem-estar da população local. A infraestrutura inadequada pode ser um dos fatores que dificultam a elevação de uma vila à categoria de cidade, mas é importante lembrar que nem sempre essa é a única razão.

Existem casos em que a falta de infraestrutura pode ser contornada por outras características que promovam o desenvolvimento urbano, como a diversidade de atividades econômicas e a presença de uma população economicamente ativa.

4.3. Atividades econômicas:

Segundo Fernandes (2014, p.153-168):

O fator atividades econômicas é importante para o desenvolvimento urbano de uma localidade e, consequentemente, para a sua elevação à categoria de cidade. As atividades econômicas são responsáveis pela geração de empregos e renda para a população, além de impulsionar o desenvolvimento de outros setores, como o comércio e a indústria.

No caso da vila de Milange, em Moçambique, a falta de atividades econômicas diversificadas pode dificultar sua elevação à categoria de cidade. A vila pode ter dificuldades para atrair novos investimentos e oportunidades, uma vez que a oferta de empregos e a diversidade de atividades econômicas podem ser limitadas. Isso pode gerar um impacto negativo na qualidade de vida da população, que pode ter dificuldades para se sustentar e progredir economicamente.

Além disso, a falta de atividades econômicas pode afetar a capacidade da vila de investir em infraestrutura adequada, o que pode prejudicar o desenvolvimento urbano. Uma cidade deve ter uma economia diversificada e ativa, que gere empregos e renda para a população e permita que a cidade invista em infraestrutura e serviços públicos adequados.

Portanto, as atividades econômicas são um fator crucial na elevação de uma vila para a categoria de cidade. Uma cidade deve ter uma economia diversificada e ativa, que atenda às necessidades da população e favoreça o desenvolvimento econômico, social e cultural da cidade.

No caso da vila de Milange, a falta de atividades econômicas diversificadas pode dificultar sua elevação à categoria de cidade e afetar a qualidade de vida da população local. Além disso, é importante lembrar que o desenvolvimento econômico não deve ser o único objetivo na definição de uma cidade.

A qualidade de vida da população, o acesso a serviços básicos, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social também são aspectos importantes a serem considerados. Portanto, é necessário que as autoridades locais e os moradores da vila de Milange trabalhem juntos para abordar as várias questões que impedem a elevação da vila à categoria de cidade.

Isso pode envolver o investimento em infraestrutura, a promoção de atividades econômicas diversificadas, a melhoria dos serviços públicos e a implementação de políticas inclusivas e sustentáveis. Somente abordando essas questões de forma holística é que a vila de Milange pode ser capaz de alcançar o status de cidade e melhorar a qualidade de vida de sua população.

4.4. Densidade populacional:

Segundo Castells (1999, p.7) “a densidade populacional é um dos fatores importantes a serem considerados na definição de uma cidade, mas não é o único fator decisivo.” Embora seja verdade que as cidades tendem a ter uma densidade populacional mais alta do que as áreas rurais, a densidade populacional por si só não determina se uma localidade é ou não uma cidade.

No caso da vila de Milange, a densidade populacional relativamente baixa pode ser um fator que está dificultando sua elevação à categoria de cidade. No entanto, é importante notar que a densidade populacional não é um problema em si, mas sim um reflexo de outros fatores, como a disponibilidade de empregos, a infraestrutura adequada e a qualidade de vida em geral.

Além disso, é importante considerar que a densidade populacional pode ser uma questão controversa. Algumas pessoas preferem viver em áreas menos densamente povoadas, enquanto outras preferem viver em cidades mais movimentadas. A densidade populacional ideal pode variar de acordo com as preferências culturais e individuais.

Portanto, é necessário levar em conta não apenas a densidade populacional, mas também outros fatores, como a infraestrutura, as atividades econômicas, a organização política e administrativa e a qualidade de vida em geral, para avaliar a capacidade de uma localidade de se tornar uma cidade.

Em vez de simplesmente tentar aumentar a densidade populacional da vila de Milange, seria mais importante abordar as questões subjacentes que impedem o desenvolvimento da localidade como um todo.

Isso pode incluir o investimento em infraestrutura, a promoção de atividades econômicas diversificadas, a melhoria dos serviços públicos e a implementação de políticas inclusivas e sustentáveis. Somente abordando essas questões de forma holística é que a vila de Milange pode ser capaz de alcançar o status de cidade e melhorar a qualidade de vida de sua população.

 

4.5. Politicas governacionais

As políticas do governo podem ter um papel significativo no desenvolvimento de uma localidade, incluindo a sua capacidade de se tornar uma cidade. No caso da vila de Milange, é possível que políticas inadequadas ou a falta de investimento governamental tenham dificultado sua capacidade de evoluir para uma cidade. Para Banco (2019) “as políticas governamentais podem tornar esse processo mais difícil, seja por meio de regulamentações excessivamente rígidas ou burocráticas, falta de recursos ou vontade política limitada para promover o desenvolvimento de áreas rurais.”

Por exemplo, se o governo não investir em infraestrutura adequada, como estradas, eletricidade, abastecimento de água e saneamento básico, isso pode afetar a qualidade de vida dos moradores e a capacidade da vila de atrair investimentos e atividades econômicas.

Além disso, políticas governamentais que não levam em consideração a realidade local, como a cultura e as tradições da população, também podem ser um obstáculo para o desenvolvimento da vila.

Por outro lado, se o governo promover políticas inclusivas e sustentáveis, como investir em educação, saúde e incentivar a diversificação das atividades econômicas, isso pode contribuir para o desenvolvimento da vila e a sua elevação à categoria de cidade.

Portanto, é importante que o governo trabalhe em parceria com as comunidades locais, ouvindo suas necessidades e implementando políticas que levem em consideração as especificidades da região.

O envolvimento da população no processo de desenvolvimento é fundamental para garantir que as políticas adotadas sejam adequadas e efetivas na promoção do crescimento econômico e da qualidade de vida.

 

 

5.      Conclusao

Em resumo, a definição de uma cidade é algo complexo e pode variar bastante de acordo com a região, o país e a época em que está sendo analisada. No entanto, é possível destacar alguns critérios comuns que são utilizados para defini-la, como a população, atividades econômicas, infraestrutura, densidade populacional, estrutura socioeconômica e outros fatores relevantes.

No caso específico da vila de Milange, em Moçambique, alguns dos fatores que podem dificultar sua elevação para a categoria de cidade são a baixa densidade populacional, a falta de infraestrutura adequada, a pouca diversificação das atividades econômicas e a limitada estrutura socioeconômica.

No entanto, é importante ressaltar que a promoção de uma vila para cidade não deve ser vista como uma simples questão de status, mas sim como um processo que envolve a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável de uma determinada região.

Dessa forma, é fundamental que sejam realizados esforços para a melhoria das condições de vida em Milange e em outras regiões que possuem características similares. É necessário investir em infraestrutura, estimular a diversificação das atividades econômicas, fortalecer a estrutura socioeconômica e promover o desenvolvimento sustentável, buscando sempre garantir a melhoria da qualidade de vida da população.

Somente assim, será possível avançar em direção à promoção de uma vila para cidade de forma sustentável e significativa. 

 

6.      Referências bibliograficas

Alonso, W. (1964). Location and land use: Toward a general theory of land rent. Boston:

        Harvard University Press.

Banco Mundial. (2019). World Development Indicators. Washington, DC: Banco Mundial. 

        Recuperado em: https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators

Cano, W. (2005). Infraestrutura, desenvolvimento urbano e exclusão social. In: Revista  

        Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 7, n. 2, p. 9-24.

Carlos, A. F. (2001). O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto.

Castells, M. (1999). A cidade: conceito e história. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e 

       Regionais, v. 1, n. 1, p. 7-29.

Fernandes, R. (2014). Atividades Econômicas e o Desenvolvimento Urbano: uma análise da

       evolução recente da economia de Fortaleza. Espaço e Tempo. São Paulo: GEOUSP. p.153-

       168.

Jofrice, C. C. (S/D). Geografia do Urbanismo. Manual de Curso de licenciatura em Ensino   

      de GEOGRAFIA – 4o ano. Beira-Mocambique: UCM.

Knox, P. L., & Pinch, S. (2016). Urban social geography. Routledge: an introduction.

Lefebvre, H. (1979). A cidade do capital. Tradução de Silvana Vieira. Rio de Janeiro: DP&A.

Santos, M. (2000). Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência 

       universal. São Paulo: Record.

_________(1993). A urbanização brasileira. 2. ed. São Paulo: Hucitec.

Silva, J. (2013). Cidades e espaços urbanos no Brasil. São Paulo: Contexto.

Weber, M. (2004). A Cidade. São Paulo: Martins Fontes.

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